terça-feira, 24 de julho de 2012

Você...

Você me era tão próximo... Tão presente... tão caro... tão amigo!


E agora... cadê você???


Eu não sei mais...
Não sei mais como está sua vida, não sei o que tá fazendo... Não sei do seu trabalho, não sei onde está...


Não sei como se sente, não sei do que tem realizado, nem das dificuldades que tem enfrentado...


Não sei se sente cansado... não sei se tirou férias...


Não estou mais inteirada do que te faz bem... do que te faz sorrir, do que te deixa feliz, do que te deixa bravo... Não divide mais comigo o que te irrita, o que te entristece...


Não sei de suas novidades... Não participo mais de suas empolgações por elas...


Não sei do seu dia a dia, não sei das pequenas coisas que tem feito... Será que você ainda desenha? Nada? Tem seu aquário?
Eu não sei!


E de repente... por um deslize todo meu... você não estava mais ali... Eu sei onde está, mas não posso chegar até você... 


E não posso te falar de mim... Não posso mais dizer do que me aflige, do que me deixa contente... Não posso contar com suas palavras sempre amigas, sempre alertas, sempre verdadeiras, mesmo que doessem... Nem com seu senso de racionalidade, que me tirava do furação emocional...

Hoje, é pelos outros que eu sei de você...

Porque de repente, você não estava mais ali... E me faz tanta falta... E não vejo meios de reencontrar-te!


Tenho medo de que hoje, se te encontrar, talvez não te reconheça...


E me sinto deixada de fora do ciclo da sua vida... e você foi tão importante na minha... 


E talvez seja pra eu aprender... a manter minha boca fechada... mas poderia ser mais fácil...


E eu nem paro para pensar, porque se eu parar... eu não suporto!


Porque perder um amor é dolorido... perder um amigo é imensurável... e não há substitutos... 


Eu amo você, amigo!


"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade
que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite
que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem
intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido
todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os
meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o
quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer
o quanto gosto deles.Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão
incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não
declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de
como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu
equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu,
tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto
pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida
ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma
lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da
vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando
comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que
são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os."

(Vinícius de Moraes)
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