Foi com muito pesar que ouvi, hoje de manhã, a notícia do falecimento do escritor português José Saramago, aos 87 anos de idade.
Dono de uma visão da vida e do mundo extremamente crítica, Saramago foi, a meu ver, uma das grandes cabeças pensantes do mundo ocidental no século XX.
Autor de obras memoráveis e que recriaram a forma de escrever na língua portuguesa, como Memorial do Convente, Ensaio sobre a Lucidez e Ensaio sobre a cegueira, Saramago tinha idéias e opiniões fortes, expressas por uma pessoa de personalidade sempre doce e serena... o vulcão estava em suas idéias, não em seus modos.
Comecei a ler Saramago ainda na adolescência, influenciada por um professor de literatura que eu adorava.
Me lembro que o primeiro livro que li foi, claro, Memorial do Convento e o professor quando me viu com ele na mão me disse:
- "Pegou pesado na leitura, hein?! Tá conseguindo entender?"
E então me explicou um pouco das idéias e estilo de Saramago. Fiquei fascinada, e não parei de ler seus livros...
Era certamente fascinante, embora difícil, acompanhar cada linha de suas estórias... Era mergulhar num mundo tão crítico e ao mesmo tempo sutil, que chegava a surpreender...
Hoje, é com pesar que me deparo com a morte desse grande autor, que certamente deixará uma lacuna na forma de ver, pensar e expressar o mundo!
E pra encerrar, coloco aqui uma das muitas frases que esse autor nos deixou como legado.
"Se tens um coração de ferro, aproveite-o. O meu fizeram-no de carne, e sangra todos os dias."
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